Toda História do Flamengo /
Clube de Regatas do Flamengo A Origem:Em fins do século XIX, o remo dominava o Rio de Janeiro. O futebol
começava apenas a aparecer em alguns clubes, mas ainda era olhado com
certo temor, pois não estava sendo recebido com entusiasmo pela
sociedade carioca. Naqueles anos eram as competições de remo que
movimentavam as manhãs no Rio e não havia praia que não tivesse o seu
grupo de regatas. A turma da praia do Flamengo não acompanhava o resto dos rapazes,
preferindo os passeios de barco pela baía e o bate-papo no Lamas, o já
famoso restaurante do Largo do Machado.
Entretanto, a ideia de se formar um grupo na praia mais movimentada
do Rio começava a nascer e numa noite
de setembro de 1895,
José
Agostinho Pereira da Cunha perguntou a Nestor de
Barros, Mário Spínola
e Augusto da Silveira Lopes o que achavam em de se fundar um clube de remo. Eles concordaram com a ideia, a notícia correu
logo pelo Largo do Machado e as adesões surgiram na
primeira noite. Entretanto, para se tornar um clube de regatas, havia
necessidades de um barco, naturalmente.
Havia uma baleeira a cinco remos, meio gasta, que poderiam
comprar. E nada mais justo do que os que tivessem dinheiro fossem os
primeiros a colaborar e, assim, Mário Spínola, Felisberto Laport, Nestor
de Barros, José Félix da Cunha Menezes e José Agostinho Pereira da
Cunha contribuíram com quatrocentos mil réis, o
suficiente para a compra da veterana embarcação, que teria que passar
por uma reforma completa para ser o barco oficial do novo grupo que se
formava.
Pherusa foi o nome dado ao barco e,
para os devidos reparos, alguém indicou um armador de Maria Angu.
Serviço perfeito por duzentos e cinqüenta mil réis e, mais uma vez, o
pessoal que podia colaborar, colaborou. A manhã do dia 6
de outubro foi uma festa, pois era a data marcada para apanhar a
ambicionada Pherusa.
Um bom grupo foi formado para ir buscar o barco: Nestor de Barros,
José Félix, José Agostinho, Mário Espínola, Felisberto Laport, Napoleão
de Oliveira, Maurício Rodrigues Pereira e Joaquim Bahia partiram felizes
e mais felizes ficaram ao contemplar Pherusa a balançar-se no mar.
Depois do meio-dia saíram orgulhosos da Ponta do Caju
já na embarcação. Mário Espínola dirigia o barco e apesar do tempo
feio, nada tirava a empolgação dos rapazes. Entretanto, começou a ventar
e a chover e, para tristeza de todos, a Pherusa não conseguia resistir e
acabou naufragando. O medo tomou conta dos tripulantes e cada um
procurava se manter de qualquer maneira seguro ao que ainda restava do
barco. Bahia resolveu nadar até a praia em busca de ajuda, pois era um
excelente nadador e o única capaz de tal tarefa.
Bahia sumiu, o vento parou, assim como a chuva e, de repente, uma
lancha vinda da Penha viu o sinal
de Mário Espínola – uma bandeira branca – e veio buscar os náufragos.
Os tripulantes da lancha Leal salvaram todos e rebocaram a pobre
Pherusa, totalmente destroçada.
Entretanto, o barco pouco importava, tudo o que queriam era saber do
Bahia. Felizmente, Bahia realmente era um exímio nadador e, depois de
quatro horas de luta, conseguiu chegar à praia, feliz por lá encontrar
os seus companheiros. A recuperação de Pherusa foi mais uma vez
iniciada, mas quando o barco já estava sendo preparado para novas
batalhas, foi roubado e nunca mais o encontraram. Ficou de Pherusa
apenas a lembrança e o desejo de todos em fundar realmente um grupo de
regatas.
A fundação do Clube de Regatas Do Flamengo:Um novo barco foi comprado e recebeu o nome de
Scyra. Agora só
faltava reunir o pessoal e fundar o grupo. Na noite do dia 17 de novembro de 1895, muita
gente estava num dos corredores da casa número 22 da Praia do Flamengo, onde Nestor de Barros morava num dos
quartos. Lá, há muito tempo, já guardavam
Pherusa e depois
Scyra.
A reunião teve por objetivo a fundação do Grupo de Regatas do Flamengo.
Naquela mesma noite, foi eleita a primeira diretoria:
- Domingos Marques de Azevedo, presidente
- Francisco Lucci Colas, vice-presidente
- Nestor de Barros, secretário
- Felisberto Cardoso Laport, tesoureiro
Além dos eleitos, foram destacados como sócios fundadores José
Agostinho Pereira da Cunha, Napoleão Coelho de Oliveira, Mário Espínola,
José Maria Leitão da Cunha, Carlos Sardinha, Maurício Rodrigues
Pereira, Desidério Guimarães, George Leuzinger, Augusto Lopes da
Silveira, João de Almeida Lustosa e José Augusto Chairéo, sendo que os
três últimos faltaram à reunião, mas foram considerados sócio
fundadores. Na oportunidade, ficou estabelecido que a data oficial da
fundação do clube seria 15 de novembro, feriado nacional.
As cores iniciais foram azul e ouro em listras horizontais bem
largas. Entretanto, em 1898, por proposta de Nestor de Barros, houve mudança
para as atuais: vermelho e preto.
Novos barcos foram sendo comprados e o Flamengo começou a destacar-se
nas competições. Na I Regata do Campeonato
Náutico do Brasil conquista a sua primeira vitória com
Irerê,
uma baleeira a dois remos, no dia 5 de
junho de 1896.
Anteriormente, o Flamengo só havia obtido colocações secundárias e
muitos segundos lugares, o que lhe valeu, inclusive, o apelido de
Clube
de Bronze.
Em 1902,
diante de seu crescimento, houve a transformação para Clube de Regatas
do Flamengo.
O início Do Flamengo no
futebol:A partir de 1902,
o remo
passou a dividir com o futebol a preferência popular. Assim, os associados
do Flamengo tornaram-se sócios também do Fluminense para acompanhar o futebol e
os do clube das Laranjeiras
vieram para o rubro-negro, a fim de acompanhar as regatas. Alberto Borgerth representava bem o exemplo, pois pela
manhã remava pelo Flamengo e à tarde jogava pelo seu clube, o Fluminense.
Entretanto, em 1911, houve a cisão no Fluminense e muitos jogadores do
tricolor vieram para o Flamengo, resolvendo em assembleia do dia 8
de novembro de 1911 fundar um departamento de esportes terrestres, com
Alberto Borgerth na direção. A briga entre Oswaldo
Gomes e muitos dos jogadores do primeiro quadro do Fluminense foi a razão da
discórdia. Originalmente, pensou-se em uma simples adesão ao Botafogo
mas como o alvinegro, na época, era o grande rival do Fluminense, a
ideia foi logo descartada. Em seguida consideraram a ideia de reforçar o
já estabelecido Paysandu mas também foi vetado, uma vez que o clube era
composto exclusivamente de ingleses. Finalmente, surgiu a ideia de
Borgerth, de se criar uma seção de futebol no Flamengo. A proposta foi
aprovada e consagrada na assembleia do clube realizada no dia 8.
A primeira partida do Flamengo:Na Praia do Russel foram feitos os primeiros treinos e no
dia 3
de maio de 1912,
já devidamente filiado à Liga Metropolitana de Desportos Terrestres, o Flamengo
realizou a sua primeira partida. Foi no campo do América
e os rubro-negros venceram o Mangueira por 16 a 2, sendo que o juiz foi o
consagrado Belfort Duarte. O quadro do Flamengo formou com Baena;
Píndaro e Nery; Coriol, Gilberto e Galo; Baiano, Arnaldo, Amarante,
Gustavo e Borgerth.
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